Seguidores

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Culto ou entretenimento?

E você assiste culto ou cultua?

Reflexão da semana: "O culto não é um lugar, mas um estado de espírito. Se Deus busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade, o culto depende muito mais de nossa disposição íntima em reconhecer a soberania de Deus do que nosso desejo de atender as demandas de auto satisfação emocional."

Por Lourenço Stélio

“O culto hoje foi uma benção.”
Frases como esta podem ser ouvidas em toda porta de templo evangélico. Se a pessoa sentiu-se bem, ou foi confortada, então o culto valeu. Parece que estamos muito distantes do que seja um culto segundo a visão do novo testamento. Retomando o diálogo de Jesus com a mulher samaritana descrito no Evangelho de João, encontramos preocupação dela em deseja saber qual o lugar verdadeiro da adoração, se em Samaria ou Jerusalém. Esta era uma das preocupações dos judeus e samaritanos naquela época.
A resposta de Jesus não considerou o centro da pergunta da mulher: “Deus procura verdadeiros adoradores que adorem em espírito e em verdade”. O foco da adoração sai do espaço e volta-se para a pessoa. Sai do ritual exterior e aponta para o coração do adorador. Afasta-se do cumprimento de obrigações religiosas e segue em direção ao desejo de adorar, como resultado de uma vida de abnegação a Deus.

O redirecionamento que Jesus faz ao ato de adorar toca profundamente no ritualismo mecânico e interesseiro vivido naquela época, como mesmo mostra o profeta Isaías: “Este povo se aproxima de mim, com sua boca e com seus lábios me honra, mas tem se afastado para longe de mim o seu coração e o seu temor para comigo consiste em mandamentos humanos aprendidos de cor”. A adoração é o cerne da fé cristã, a ponto de Paulo nos ensinar que a dedicação de nossa vida no altar de Deus, como sacrifício vivo, é um culto racional. Isso é um ato diário de lealdade a Deus em cada decisão que teremos de tomar.
Adorar significa prestar culto, reconhecer que Deus está acima de tudo, prestar-lhe gratidão por seus feitos. A adoração é fruto de um vida diariamente consagrada e leal a Deus. Adorar é fruto, não produto de alegria ou sentido de vida. Acabamos na realidade, transformando o culto numa espécie de “missa evangélica” e num meio de graça centralizado em nossos interesses, na busca de sentimentos agradáveis. Uma coisa é dizer "vamos ao culto”; outra, é dizer: “vou adorar”.
O culto não é um lugar, mas um estado de espírito. Se Deus busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade, o culto depende muito mais de nossa disposição íntima em reconhecer a soberania de Deus do que nosso desejo de atender as demandas de auto satisfação emocional.
É claro que as emoções estarão presentes no ato do culto, pois, afinal, o ser todo e todo o ser que respira deve louvar a Deus. Mas transformar o culto numa “catarse” é extrapolar seu real significado. Se a pessoa precisa de uma atenção especial na busca de soluções para sua vida, deve buscar um aconselhamento, não o culto.
Quando precisamos de “acessórios” que nos preparem para a adoração, talvez seja porque transformamos a adoração em entretenimento. Se a adorar é dar a Deus nosso louvor, nosso reconhecimento de sua grandeza, porque vamos ao templo buscando no culto algo para nós? Quando vamos comprar um presente para uma pessoa, pensamos nela e não em nós.
Se o culto pode ser comparado a um presente que damos ao nosso Deus, temos de pensar nele e em como agradá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário