Transferência Geracional
O termo “geração” não é necessariamente definido por idade. É mais definido por posição na jornada. Havia uma geração no Egito que morreu no deserto e uma geração que se “levantou” e atravessou para a nova terra. Dentro dessa geração, havia dois senhores de idade: Calebe e Josué.
A tragédia é que havia somente dois — poderia ter sido muito mais nesse grupo. Como sempre, estamos em necessidade desesperada de outra geração que se levante. Ao serem ajuntadas as gerações, a partir de várias idades, formam outra que se levanta. Contudo, embora uma geração não seja definida por idade, não veremos uma geração se levantar e ser liberada se não houver enfoque na geração mais jovem.
Tem que haver um forte elemento daqueles que são mais jovens, dos que se levantam em primeiro plano nessa nova geração.
Chegará o tempo quando terá que haver uma transferência geracional. Tais tempos são freqüentemente marcados pela morte de alguns que se posicionaram como generais no exército de Deus dentro do mover anterior.
Em tais tempos, se levantarão aqueles cujos corações são suaves (como Davi) e também haverá um marco de certos movimentos, quando estes se tornam uma sombra do que foram; mas, ainda assim, os dessa geração anterior se considerarão na estatura de “os melhores”.
Haverá o levantar daqueles, em nível popular, que levarão a unção do profeta jovem. Serão marcados por seu comprometimento radical com o Senhor. Não serão comprados pela sedução do sucesso nem dinheiro.
Também haverá a manifestação daqueles que são como o profeta idoso que potencialmente desencaminhou, descarrilou a voz do novo profeta.
Com a aplicação que dei às passagens bíblicas citadas anteriormente, fica claro que a responsabilidade sobre a geração que se levanta, em tempo de transição, é enorme. Esta nova geração não pode levantar as suas mãos contra a que tem estado atuando, nem pode simplesmente submeter-se a ela quando há um nível de chamado vindo do céu.
Isto leva os novos profetas a uma trajetória de grande tensão, mas é andando nessa trajetória que estes são preparados para o que virá. Se eles não podem andar nessa trajetória de transição, então o mover de Deus não prosseguirá como poderia.
Uma analogia útil de gerações trabalhando juntas é Abraão, Isaque e Jacó. Deus é um Deus trans-geracional, pois Ele é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Mas não devemos ver: Abraão é pai; Isaque, filho e Jacó, neto. E sim: pai Abraão, pai Isaque e pai Jacó.
As gerações não devem ser alinhadas, hierarquicamente, mas juntas uma com a outra. Isso se torna muito evidente em tempo de transição quando gerações anteriores têm que ceder a vez à geração posterior.
Muitas vezes a geração antiga exige que a mais jovem viva na sua ”casa”, mas sem mexer em quaisquer “móveis”. Se tem que haver uma ordem, ela precisa ser o contrário da mencionada. Temos que encorajar a geração antiga a seguir aqueles que estão, cada vez mais, levando as chaves para abrir o futuro. A realidade é que alguns dos móveis têm que ser mexidos para que possamos ver um remodelar significante da própria casa.
Tempo de transição é muito crítico e se vamos atingir a intensidade máxima do movimento adiante, é vital que gerações anteriores abençoem a geração que se levanta. Quando a bênção não é dada, fica um vácuo e, tristemente, o vácuo, na realidade, atrai uma maldição para dentro dele. Muitas vezes um mover novo de Deus começa com um estado de desaprovação e isso o dificulta, realmente, a ir em frente. Em resposta à maldição, é-nos dito para abençoar e é por isto que a geração que se levanta tem que abençoar, porém sem comprometimento através de qualquer falsa lealdade.
Ezequias — Nenhum Pensamento Para o Futuro
Ezequias recebeu um milagre maravilhoso. Isaías trouxe uma mensagem a Ezequias e instruiu-o a pôr sua casa em ordem que ele iria morrer. Mas o rei intercedeu, chorou diante do Senhor, e antes que Isaías deixasse o pátio do palácio, ele teve que retornar e dizer que a palavra profética tinha sido revertida. O poder da intercessão é imenso. Isaías, agora, disse que Deus ouviu sua oração, que seria curado e sua vida seria estendida por mais quinze anos (II Reis 20:1-6).
Um milagre surpreendente, visto que ele literalmente estava para morrer. Um desses desejaríamos ver repetido muitas vezes. O restante da história, contudo, é muito triste.
A relevância do sinal (deixar a sombra retroceder) parece ser, no início, simplesmente adicional, mas, ao continuarmos lendo, percebemos que a direção da sombra não é arbitrária. Fazê-la retroceder revela um grande problema em Ezequias. Isto se torna evidente quando eu faço uma paráfrase do seu pedido para o relógio ser atrasado.
Na vida, precisamos aprender que não podemos atrasar o relógio em tempo de transição. Temos que resistir a tentação de querer voltar ao tempo anterior. Ezequias é curado, aparece um sinal. No entanto, com o desenrolar da história, logo percebemos que este sinal era uma indicação de que Ezequias não está fazendo a transição para a próxima fase nem fazendo preparativos para a próxima geração seguinte.
Por causa do seu orgulho (II Crôn. 32:25), ele permite que os enviados da Babilônia vejam tudo dentro do palácio. Isaías, então, diz:
“Um dia, tudo o que se encontra em seu palácio, bem como tudo que seus antepassados acumularam até hoje, será levado para a Babilônia. Nada restará”, diz o Senhor. “Alguns dos seus próprios descendentes serão levados, e eles se to arão eunucos no palácio do rei da Babilônia”. (II Reis 20:17,18)
Inacreditavelmente, Ezequias responde com “Boa é a palavra do Senhor que anunciaste” (II Reis 20:19). Este é o homem que viveu por meio do poder do arrependimento e intercessão para ver sua própria vida prolongada; mas, agora, quando algo muito maior que sua própria sobrevivência pessoal está em jogo, ele não intercede. Neste momento, a relevância do sinal se torna evidente.
Ele recebeu a palavra como uma “boa” palavra porque pensou que ela não aconteceria durante a sua vida (II Reis 20:19). Ele não tinha visão do futuro, seu foco estava no ontem (“atrase o relógio”). Não tinha preocupação pelo que o seguiria.
Devemos ser aqueles que são orientados pelo futuro. Podemos ser agradecidos por cada dia que passou, mas devemos ansiar por dias que nunca tivemos.
Escrevo a partir do contexto do hemisfério Europeu, Ocidental e Norte. Estamos num ponto de grande crise na História. As igrejas, como sei, sobreviverão durante toda a minha vida, todavia isso não é suficiente. Precisamos ser radicalmente orientados para o futuro, agora, a fim de que haja algo ainda mais vibrante para nossos filhos e netos. Do contrário, o que nossos “pais ajuntaram” será perdido e nossos filhos serão levados cativos, incapazes de produzir frutos espiritualmente.
Profetas precisam ser aqueles que atuam hoje por causa do amanhã. Morte prematura é uma coisa difícil de aceitar, mas vidas que são prolongadas (até mesmo pela maravilhosa graça de Deus) e não pensam no futuro são um absoluto desastre.
O peso de responsabilidade está sobre a geração que se levanta, como a que tem a chave para o futuro, porém a geração anterior tem a responsabilidade de fazer os preparativos. Esta deve ser a que fala, a que nos dá o sinal, não apenas para nós, mas um sinal de um novo futuro. Ela deve ser aquela que pede para o relógio ir adiante.
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