“Certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu cervo dizer aos convidados: Vinde que já tudo esta preparado. E todos a uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los: rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei e,portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito esta como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar para que minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles varões que foram convidados provará a minha ceia”. Lucas 14:16 -24
O céu está sempre aberto para aquele que quer atingir o caráter celeste; porque o céu é uma condição e não, simplesmente, um lugar. O homem que não deseja o céu, não quer recebe-lo, nem mesmo como uma dádiva. As portas da cidade santa estão largamente abertas e, no entanto todos os homens maus, voluntariamente, permanecem de fora, precisamente como um homem corrupto prefere permanecer afastado de um bom caráter. E todos os que, voluntariamente, permanecem fora de qualquer espécie de bondade de caráter, não querem ser introduzidos nessa bondade, mesmo convidados pelo próprio Senhor.
Entre os orientais as festas tem um lugar proeminente. Era costume dos grandes homens darem festas, de acordo com sua riqueza e posição. As festas de casamento muitas vezes duravam sete dias. Na coroação de um rei, faziam-se grandes festas; porque, representativamente, se dizia que o rei era o esposo do país. Assim, por ocasião da vinda do Senhor, como Ele era o Noivo e a Igreja era a noiva, compreende-se que a vida regenerada, fosse comparada a uma festa de casamento.
A “grande ceia” mencionada na parábola, era a refeição principal do dia; não sendo feita, necessariamente, à noite. De fato, pela natureza das escusas que foram apresentadas, parece que ainda devia ser suficientemente claro, para que um dos convidados fosse ver sua terra e o outro experimentar seus bois. Era conveniente, entretanto, chamar esta festa de ceia porque se realizava na tarde.
De um modo geral, o Senhor convida a todos os homens para sua festa celeste, pelos ensinamentos de Sua Santa Palavra; e aquele que ouve a Palavra, pode sempre considerar-se convidado. Quando, porém, o homem esta com a mente em condições de tirar proveito de uma maior aproximação da verdade, então, alguma verdade particular, como um servo do Senhor, vêm a ele e lhe anuncia que a festa celeste esta pronta e lhe transmite o convite especial do Senhor. “E o Espírito e o Noivo, dizem, vem”.
Na parábola, os convidados “todos a uma; começaram a escusar-se”; não por terem feito um acordo ou conluio, mas por um propósito comum. Havia um consenso, um propósito unânime e, por isso uma unanimidade de resoluções. O egoísmo tem uma qualidade interna de caráter comum a todas as suas variedades, que fala contra a bondade com um antagonismo comum, e tem uma comum indiferença pela verdade. As verdades da Palavra podem ter sido plantadas na mente natural, mas as sarças e os espinheiros da vida sensual espalham-se sobre elas e abafam a Palavra, tornando-a infrutífera.
Literalmente, a parábola não trata de coisas ilícitas. Era lícito comprar um novo campo e ir vê-lo: comprar novos bois e experimentá-los, e casar-se. Mas no sentido literal, a ligação dada é contra o fato de permitirmos que nossa mente fique tão preocupada com as questões naturais a ponto de nos tornarmos negligentes com as nossas coisas espirituais.
Mas afinal de contas o que esconde toda esta preocupação da mente pelas coisas externas? O próprio. O próprio, na tecnologia da Nova Igreja, significa o nosso “eu” com todas as suas más afeições e as suas falsidades. É o próprio que nos afasta do Senhor e faz com que sejamos contrários ou indiferentes à festa do Senhor.
Quando todos os convidados tinham se escusado, “...voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e “bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados e mancos e cegos”.
Nas festas do Oriente, quando os convidados tinham se saciado, deixavam imediatamente a mesa; e, se ainda sobrasse comida, qualquer pessoa que passasse, ou qualquer pobre que estivesse nas proximidades atraído pela noticia da festa, podia ser convidado para sentar-se a mesa e partilhar do banquete. E isto se fazia ate que todas as provisões fossem consumidas. Coisa alguma do que tinha sido trazido para a mesa, podia ser retirado para guardar outra vez; por isso, mesmo os mendigos eram chamados para consumir o que sobrava.
Tendo como sentido representativo, os convidados para a festa, eram os judeus, que possuíam a Palavra do Senhor; e os outros que vieram quando os judeus se escusaram, eram os gentios, a quem os judeus consideravam como réprobos. Aqueles que estão nos “caminhos” e “valados” estão fora da cidade, nos arredores; e representam os que estão fora da Igreja, e sem o conhecimento da Palavra do Senhor. E na festa do Senhor haverá lugar para todos eles, se quiserem afastar-se do mal e fazer o bem.
A aceitação real do convite do Senhor se traduz pela obediência a Seus mandamentos “Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”. Toda desobediência aos mandamentos é uma rejeição real do convite Divino para o céu.
Os convites do Senhor são sempre para o presente. “hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureças vossos corações”
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