“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;” (Mateus 27:50-51).
“Tendo,
pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo
e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, [pela] sua carne, E
tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, Cheguemo-nos com verdadeiro
coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa,” (Hebreus 10:19-22).
A morte de Jesus é a
maravilha do tempo e da eternidade, e, assim como a vara de Arão devorou todas
as demais, essa morte absorve em si todas as maravilhas menores.
No entanto, o rasgo do véu
do Templo não é um milagre que deva se considerar sem atenção. Ele havia sido
fabricado de “um linho retorcido, com querubins de obra primorosa.” Isso nos dá
a ideia de uma tela resistente, de uma peça de tapeçaria duradoura, capaz de
resistir a mais severa tensão. Nenhuma mão humana teria sido capaz de romper
essa coberta sagrada; e não teria podido ser dividida em duas por alguma causa
acidental; no entanto, e é estranho dizê-lo, no instante em que a santa pessoa
de Jesus foi rasgada pela morte, o grandioso véu que ocultava ao Santo dos
Santos “se rasgou em
dois de cima abaixo.”
Não é algo extravagante
considerá-lo como um solene ato de dor por parte da casa de Deus. No Oriente,
os homens expressam sua dor rasgando suas vestes; e o Templo, quando viu seu
Senhor morrer, parecia golpeado pelo horror e rasgou seu véu. Sacudido pelo
pecado do homem, indignado pela morte de seu Senhor, em sua simpatia por Aquele
que é o verdadeiro Templo de Deus, o símbolo externo rasgou sua santa
vestimenta de cima abaixo. Por acaso não significou também, esse milagre, que a
partir dessa hora, todo o sistema de tipos, sombras e cerimônias haviam chegado
a seu fim? As ordenanças de um sacerdócio terreno foram rasgadas com esse véu.
Em sinal da morte da lei cerimonial, sua alma abandonou o sagrado santuário, e
deixou seu tabernáculo corpóreo como algo morto. A dispensação legal havia
terminado.
O rasgo do véu significou
principalmente, que o caminho ao Lugar Santíssimo, que não havia sido manifesto
antes, ficava agora aberto a todos os crentes. Uma vez ao ano, o sumo sacerdote
levantava solenemente uma ponta desse véu, com temor e tremor, e com sangue e
santo incenso passava à imediata presença de Jeová; porem, o rasgão do véu
abriu o lugar secreto. O rasgo de cima abaixo proporcionará amplo espaço para
que entrem todos os que são chamados pela graça de Deus, para que se aproximem
ao trono e tenham comunhão com o Eterno.
O véu rasgado parecia
dizer: “a partir desse momento, Deus já não habita mais na densa escuridão do
Santo dos Santos, e não brilha mais em meio dos querubins. O recinto especial
foi aberto, e já não existe um santuário interior ao que posso entrar o
sacerdote terreno: as expiações e os sacrifícios que serviam de tipo, chegaram
a seu fim.”
Já não resta-nos nenhum
véu. Por que nos colocamos tão longe e trememos como um escravo? Aproximemo-nos
com plena certeza de fé. O véu está rasgado: o acesso é livre. Vamos com
liberdade ao trono da graça. Jesus o levou perto, tão próximo de Deus como Ele
mesmo está próximo. Ainda que falemos do Lugar Santíssimo, do próprio lugar
secreto do Altíssimo, no entanto, é desse lugar imponente, desse santuário de
Jeová, que se rasgou o véu, portanto, não permitamos que nada impeça nossa
entrada. Certamente nenhuma lei nos proíbe, mas bem, o infinito amor nos
convida a aproximarmos de Deus.
Trechos de um sermão de Charles Spurgeon
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