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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O véu rasgado


“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;” (Mateus 27:50-51).

 “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, [pela] sua carne, E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,” (Hebreus 10:19-22).

A morte de Jesus é a maravilha do tempo e da eternidade, e, assim como a vara de Arão devorou todas as demais, essa morte absorve em si todas as maravilhas menores.

No entanto, o rasgo do véu do Templo não é um milagre que deva se considerar sem atenção. Ele havia sido fabricado de “um linho retorcido, com querubins de obra primorosa.” Isso nos dá a ideia de uma tela resistente, de uma peça de tapeçaria duradoura, capaz de resistir a mais severa tensão. Nenhuma mão humana teria sido capaz de romper essa coberta sagrada; e não teria podido ser dividida em duas por alguma causa acidental; no entanto, e é estranho dizê-lo, no instante em que a santa pessoa de Jesus foi rasgada pela morte, o grandioso véu que ocultava ao Santo dos Santos “se rasgou em dois de cima abaixo.”

Não é algo extravagante considerá-lo como um solene ato de dor por parte da casa de Deus. No Oriente, os homens expressam sua dor rasgando suas vestes; e o Templo, quando viu seu Senhor morrer, parecia golpeado pelo horror e rasgou seu véu. Sacudido pelo pecado do homem, indignado pela morte de seu Senhor, em sua simpatia por Aquele que é o verdadeiro Templo de Deus, o símbolo externo rasgou sua santa vestimenta de cima abaixo. Por acaso não significou também, esse milagre, que a partir dessa hora, todo o sistema de tipos, sombras e cerimônias haviam chegado a seu fim? As ordenanças de um sacerdócio terreno foram rasgadas com esse véu. Em sinal da morte da lei cerimonial, sua alma abandonou o sagrado santuário, e deixou seu tabernáculo corpóreo como algo morto. A dispensação legal havia terminado.

O rasgo do véu significou principalmente, que o caminho ao Lugar Santíssimo, que não havia sido manifesto antes, ficava agora aberto a todos os crentes. Uma vez ao ano, o sumo sacerdote levantava solenemente uma ponta desse véu, com temor e tremor, e com sangue e santo incenso passava à imediata presença de Jeová; porem, o rasgão do véu abriu o lugar secreto. O rasgo de cima abaixo proporcionará amplo espaço para que entrem todos os que são chamados pela graça de Deus, para que se aproximem ao trono e tenham comunhão com o Eterno.

O véu rasgado parecia dizer: “a partir desse momento, Deus já não habita mais na densa escuridão do Santo dos Santos, e não brilha mais em meio dos querubins. O recinto especial foi aberto, e já não existe um santuário interior ao que posso entrar o sacerdote terreno: as expiações e os sacrifícios que serviam de tipo, chegaram a seu fim.”

Já não resta-nos nenhum véu. Por que nos colocamos tão longe e trememos como um escravo? Aproximemo-nos com plena certeza de fé. O véu está rasgado: o acesso é livre. Vamos com liberdade ao trono da graça. Jesus o levou perto, tão próximo de Deus como Ele mesmo está próximo. Ainda que falemos do Lugar Santíssimo, do próprio lugar secreto do Altíssimo, no entanto, é desse lugar imponente, desse santuário de Jeová, que se rasgou o véu, portanto, não permitamos que nada impeça nossa entrada. Certamente nenhuma lei nos proíbe, mas bem, o infinito amor nos convida a aproximarmos de Deus.
 
 
Trechos de um sermão de Charles Spurgeon

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