“Vós, pastores, apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” I Pedro 5:2-3
Estamos entrando mais uma vez em um período eleitoral. Período este que se caracteriza pelo ressurgimento de peregrinos e andarilhos, outrora ausentes e invisíveis, no meio evangélico.
A partir de agora começa a corrida por uma “vaguinha ou boquinha” no serviço público, tudo isso alardeado pelos proponentes com ares de preocupação com o social, com o desenvolvimento sustentável, com a inclusão social, a educação com qualidade, a segurança, entre outras bandeiras; tudo isso desprovido de qualquer interesse pessoal, é claro.
Nos cultos e reuniões eclesiásticas, passa a ser frequente o aparecimento dos ditos “irmãos” que pleiteiam um cargo público. Entre apertos de mão, sorrisos, beijos e abraços, se misturam e “comungam” com aparência festiva, e até saudosa; tudo isso regado à citação de jargões evangélicos e versículos bíblicos previamente escolhidos, ensaiados e decorados para a ocasião.
Não é incomum muitos líderes e pastores serem seduzidos por tanta amabilidade e solicitude, além, é claro, das tentadoras promessas de doações de microfones, caixas de som, instrumentos musicais, bancos, ventiladores, impressão de folhetos de festividades, banners, e outros favores escusos que a minha imaginação talvez não alcance.
Fisgados e atraídos pela possibilidade de receberem alguma vantagem, sem nenhum pudor, viabilizam o acesso ao altar para saudações esfuziantes e inflamadas, carregadas de emoção, sempre, sem exceção, acompanhadas da apresentação do referido “irmão candidato”, de sua moral ilibada, seu compromisso com a mesma fé professada pela plateia, sua luta, sua história, etc, profanando um lugar sagrado, fazendo dele um lugar de política partidária e promoção humana, sem que em momento algum Cristo seja exaltado.
Isso me parece, nefasto. O altar é a última trincheira de luta de um sacerdote. É o lugar de onde a Palavra de Deus é exposta e ensinada; é de onde provém a benção para o povo. Esse lugar deveria ser zelado, defendido e protegido a todo custo. Infelizmente, para os tais líderes, o altar não passa de um palco e, em alguns casos, de um picadeiro.
Corrompidos que são, passam a corromper. A partir daí, o próximo passo a ser dado pelo sacerdote infiel é apresentar o tal candidato como sendo o nome oficial da agremiação religiosa, por vezes, incentivando, por vezes persuadindo, por vezes coagindo e até ameaçando os que se mostram contrários a indicação, violando a consciência e o direito alheio despudoradamente. Se vendem, trocam a unção e autoridade espiritual por “um prato de lentilhas”.
Como disse o profeta Isaías: “São cães devoradores, insaciáveis. São pastores sem compreensão nem entendimento; todos apenas seguem seu próprio caminho natural, cada um busca com avidez vantagens apenas para si.”
Passado o período eleitoral, passamos a colher os frutos das más escolhas. Então, esses mesmos líderes, passam a conclamar o povo a jejuar, orar e clamar pelo município, estado e nação.
Creio que é chegado o tempo em que novos “Judas Macabeus” se levantem para defender o altar de Deus, se preciso for, com a própria vida. Homens e mulheres que não negociam a sua unção e o seu ministério. Afinal, muitos abriram mão do que tinham de mais precioso e assim como o devasso e profano Esaú, mesmo buscando com lágrimas, não acharam lugar de arrependimento e nem tiveram como reaver o direito perdido.
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