A moda da comida rápida e pronta veio para ficar. As lanchonetes, os “por quilo”, os rodízios de massa e de carne se espalham por toda a parte atendendo uma clientela cada vez maior e cada vez com menos tempo para esperar por um prato “a la carte”. O ritual do comer, que envolvia um tempo de relaxamento, de descanso ao sentar e esperar pela comida, cedeu lugar à pressa, o sentar-se cedeu ao comer em pé, andando ou dirigindo. É o sinal dos tempos. Vida moderna caracterizada pela azia, gastrite e úlceras do comer atabalhoado.
Outro problema dos tempos modernos é a massificação dos temperos e sabores. Há multinacionais fazendo comida para ser esquentada por cozinheiros e chefs, com molho pronto e sabor igual para todos. O toque pessoal, a criatividade, o tempero, o paladar refinado, vai cedendo espaço para os paladares acostumados ao “pret-a-porter” da comida. Muda-se de restaurante, muda-se o nome do prato, mas o sabor é o mesmo em toda parte. Cada vez fica mais difícil a individualidade, o gosto pessoal. Alfaiates, costureiras, cozinheiros, doceiros, sapateiros, são profissões que estão a se extinguir pela inércia geriátrica. Morrem os velhos e não há gente nova para substituí-los.
Este tipo de comportamento massivo e massificante também tem chegado às igrejas. Tenho estado em contato com muitas igrejas em função de convites para pregar e dar palestras. Nos últimos tempos, por ter tido folga nos finais de semana, estive visitando várias igrejas de Campinas. Há em todas elas uma incrível similaridade na forma de conduzir a liturgia e em apresentar suas mensagens. Para quem se acostumou a liturgias bem feitas, estruturadas, com forte base teológica e unidade, ir a um culto pret-a-porter é algo nada edificante. Houve um empobrecimento das liturgias.
Aquilo que se construiu ao longo da história da igreja, os hinos, as litânias, as doxologias, as leituras responsais, cederam espaço a três momentos bem marcados: o louvor, os anúncios e a mensagem. O período de louvor é o tempo do barulho, da excitação, da empolgação. Há uma abundância de letras de adoração, mas faltam os cânticos dedicados ao arrependimento, à confissão, à consagração, à instrução. A moderna corinhologia tem se caracterizado pela abundância de cânticos que repetem jargões, lugares comuns e carecem de reflexão teológica.
Um estudo que serviu de tese de mestrado de um colega, mostrou que o hinário de uma das maiores igrejas evangélicas de Campinas não cobria a temática teológica existente no Credo Apostólico, mas havia profusão de cânticos de vitória e de adoração e muitos deles contrariavam a teologia pregada pela sua denominação.
As pregações são algo de se lamentar. Talvez tenha sido a coisa que mais empobreceu. Os sermões expositivos cederam lugar aos temáticos, onde é mais fácil o pregador dizer o que quer. E não são poucos os púlpitos onde se usa o texto por pretexto e não se tem sermão, mas arenga. O estudo cedeu lugar ao testemunho, a reflexão à empolgação, a instrução à confusão, a edificação à quantificação. A igreja é hoje avaliada pela sua platéia e não pela fidelidade a Deus e à Palavra.
Temos McCultos. Tudo pronto, embrulhado, ao gosto do freguês, digo, fiel. E fidelidade dos membros se mede pelas ofertas que faz. O McCulto é tanto mais abençoado quanto maior for o faturamento do dia.
Texto de Marcos Inhauser
Outro problema dos tempos modernos é a massificação dos temperos e sabores. Há multinacionais fazendo comida para ser esquentada por cozinheiros e chefs, com molho pronto e sabor igual para todos. O toque pessoal, a criatividade, o tempero, o paladar refinado, vai cedendo espaço para os paladares acostumados ao “pret-a-porter” da comida. Muda-se de restaurante, muda-se o nome do prato, mas o sabor é o mesmo em toda parte. Cada vez fica mais difícil a individualidade, o gosto pessoal. Alfaiates, costureiras, cozinheiros, doceiros, sapateiros, são profissões que estão a se extinguir pela inércia geriátrica. Morrem os velhos e não há gente nova para substituí-los.
Este tipo de comportamento massivo e massificante também tem chegado às igrejas. Tenho estado em contato com muitas igrejas em função de convites para pregar e dar palestras. Nos últimos tempos, por ter tido folga nos finais de semana, estive visitando várias igrejas de Campinas. Há em todas elas uma incrível similaridade na forma de conduzir a liturgia e em apresentar suas mensagens. Para quem se acostumou a liturgias bem feitas, estruturadas, com forte base teológica e unidade, ir a um culto pret-a-porter é algo nada edificante. Houve um empobrecimento das liturgias.
Aquilo que se construiu ao longo da história da igreja, os hinos, as litânias, as doxologias, as leituras responsais, cederam espaço a três momentos bem marcados: o louvor, os anúncios e a mensagem. O período de louvor é o tempo do barulho, da excitação, da empolgação. Há uma abundância de letras de adoração, mas faltam os cânticos dedicados ao arrependimento, à confissão, à consagração, à instrução. A moderna corinhologia tem se caracterizado pela abundância de cânticos que repetem jargões, lugares comuns e carecem de reflexão teológica.
Um estudo que serviu de tese de mestrado de um colega, mostrou que o hinário de uma das maiores igrejas evangélicas de Campinas não cobria a temática teológica existente no Credo Apostólico, mas havia profusão de cânticos de vitória e de adoração e muitos deles contrariavam a teologia pregada pela sua denominação.
As pregações são algo de se lamentar. Talvez tenha sido a coisa que mais empobreceu. Os sermões expositivos cederam lugar aos temáticos, onde é mais fácil o pregador dizer o que quer. E não são poucos os púlpitos onde se usa o texto por pretexto e não se tem sermão, mas arenga. O estudo cedeu lugar ao testemunho, a reflexão à empolgação, a instrução à confusão, a edificação à quantificação. A igreja é hoje avaliada pela sua platéia e não pela fidelidade a Deus e à Palavra.
Temos McCultos. Tudo pronto, embrulhado, ao gosto do freguês, digo, fiel. E fidelidade dos membros se mede pelas ofertas que faz. O McCulto é tanto mais abençoado quanto maior for o faturamento do dia.
Texto de Marcos Inhauser
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