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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Aula 35 - O Evangelho de João

Uma característica forte do Evangelho de João é o simbolismo, organizado para revelar tudo o que nele se relata: milagres, diálogos e discursos. Assim, os milagres são chamados “sinais”, porque revelam a identidade de Jesus, a sua glória, o seu ser divino e o seu poder salvador, como pão (cap. 6), luz (cap. 9), vida e ressurreição (cap. 11), em ordem a crer nele; outras vezes são “obras do Pai”, mas que o Filho também faz (Jo 5,19 / Jo 20.36).

Em João a obra de Jesus é mostrar até o fim que Deus é amor. A chave da teologia de João é a manifestação da glória do Pai no seu Filho amado.
 I. Manifestação de Jesus ao mundo (Jo 1:19 / Jo 12:50), como Messias, Filho de Deus, através de sinais, discursos e encontros. Distinguem-se aqui cinco grandes secções:                                                                           
A.1 - Primeiro ciclo da manifestação de Jesus: (Jo 1:19 / Jo 4:54). Semana inaugural. Nessa semana temos dois momentos: Nos quatro primeiros dias João narra o testemunho de João Batista e a formação do primeiro grupo de discípulos. No sétimo dia Jesus realiza o seu primeiro sinal em Caná (Jo 2:1-11), abrindo o quadro de narração dos sinais como o início da manifestação de sua glória.                                                                                                             
A.2 - Jesus revela a sua divindade: Ele é o Filho, igual ao Pai: (Jo 5:1-47).  A partir de agora, a atuação de Jesus se torna mais conflituosa. As contestações situam-se principalmente em Jerusalém. Ao combinar os sinais de Jesus com as discussões sobre sua missão, João realça o conflito com a incredulidade. O desejo de crer dos gregos, em oposição à incredulidade dos judeus, é o ponto alto dessa seção.
A.3 - Jesus é o Pão da Vida: (Jo 6:1-71). 
 A.4 -  Jesus é a luz do mundo: grandes declarações messiânicas por ocasião das festas das Cabanas e da Dedicação: (Jo 7:1 / Jo 10:42).
 A.5 - Jesus é a vida do mundo: (Jo 11:1 / Jo 12:50).

II. Revelação de Jesus aos seus (Jo 13:1 / Jo 21,25): manifestação a todos como Messias e Filho de Deus através do “Grande Sinal”, por ocasião da sua Páscoa definitiva.
A.1 - A Última Ceia: (Jo 13:1 / Jo 17:26).  João acena que para imitar Jesus é preciso que o discípulo aceite o que Jesus faz por ele. O cristianismo não é só bom comportamento; é seguimento e imitação radical de Jesus Cristo.  Jesus não dá preceitos ou manuais, dá-se a si mesmo como caminho a ser imitado, vida a ser vivida e verdade a se experimentar. Diferente dos sinóticos, João não narra a última ceia. No seu lugar coloca a cena do lava-pés, como momento máximo do ensinamento de Jesus acompanhado do discurso de despedida.
Para João Jesus põe o amor fraterno em primeiro lugar ao lado do mandamento do amor de Deus. O amor a Deus se torna implícito; é amor que doa a própria vida. O capítulo 17 pode ser divido em três momentos: Jesus dá graças e ora por si (vs. 1 a 8); Jesus ora pelos discípulos (vs. 9 a 19); Jesus ora pelos que crerão a partir do testemunho dos discípulos (vs. 20 a 26). João expressa a alegria plena dos discípulos, pois eles não precisam de outra revelação ou manifestação de Jesus; ele é o ato salvífico de Deus por excelência. Jesus fica presente na comunidade através do Paráclito e da sua palavra sempre atualizada.

A.2 - Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus: (Jo 18:1 / Jo 20:29).  João dividiu o tema do evento pascal em dois esquemas maiores: Paixão e Morte (caps. 18 e 19) e Ressurreição (cap. 20).  Esses esquemas maiores podem ser subdivididos da seguinte forma:                                                                     (I) Paixão e Morte                                                                                                                                                   a) Prisão: confronto com os judeus – (Jo 18:1-27);                                                                                        b) Pilatos: confronto com o poder romano – (Jo 18:28 / Jo 19,16a);                                                            c) Crucificação: vítima de judeus e romanos (que passam a simbolizar o mundo fechado que não aceita o enviado de Deus e, consequentemente, não aceita os discípulos de Jesus) – (Jo 19:16-42).

(II) Ressurreição- O episódio da ressurreição pode ser  em duas cenas:
(1) Junto ao sepulcro (Jo 20:1-18), que se divide em sepulcro vazio (Jo 20:1-10); Jesus e Maria Madalena (Jo 20:11-18);
(2) No cenáculo (Jo 20:19-29), que subdivide-se em aparição aos onze (Jo 20:19-23); aparição a Tomé (Jo 20:24-29).
João conclui o Livro convidando o leitor para fazer a mesma experiência da comunidade: Jesus ressuscitou; e quem vive nele já experimenta a glória de Deus.


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