"E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (Romanos 5:3-5).
Sem sombra de dúvida, Paulo era um homem que possuía muita saúde emocional. Segundo os historiadores, ele era calvo e de estatura baixa; suas sobrancelhas eram grossas, e suas pernas, tortas. Somando-se a tudo isso, ele ainda sofria com um problema na vista, que o teria acometido. No entanto, não vemos, em nenhuma de suas cartas, qualquer vestígio de complexo de inferioridade, de baixa auto-estima, de rancor ou de amargura.
Sabe como podemos conhecemos o caráter de alguém e a sua saúde emocional? A partir do modo como essa pessoa se comporta em momentos de sofrimento. Percebemos isso através do equilíbrio, da sensatez e da serenidade de seu comportamento.
Um homem que sabia o que era sofrer.
Com certeza, Paulo sabia o que era o sofrimento. Ninguém que eu conheça diretamente já passou por uma situação assim. É ele mesmo quem descreve o quanto já havia sofrido: "... estou fora de mim para falar desta forma - eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigo dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigo dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fique em jejum; suportei frio e nudez. Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas". (2 Co. 11.23-28) Apesar de todo sofrimento vivido, quando lemos tudo o que ele escreveu em suas epístolas, percebemos um homem com a alma doce, que expressava a Graça do Espírito Santo de Deus. Veja como isso vasa com naturalidade na sua mensagem à igreja de Éfeso:
"Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como Deus, em Cristo, vos perdoou". (Ef. 4.31,32)
Três evidências da saúde Emocional de Paulo.
Primeira- Consolando, quando devia ser consolado!
Leia o que está em Filipenses 1:4: "Fazendo sempre, com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas". Como Paulo se encontrava naquele momento? Ele estava preso, acusado injustamente, sendo julgado, sem a liberdade de poder ir e vir, cercado por quatro soldados da guarda pretoriana. No entanto, apesar de tudo isso, ele escreve em sua carta: "Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor" (Fp. 3:1). Naquela situação, o esperado era que os filipenses o consolassem, e não o contrário. Apesar de toda aquela provação, é Paulo quem consola os que estavam de fora: "Alegrai-vos sempre no Senhor" (Fp. 4:4). Quem está passando pela prova e consegue dar esperanças aos que estão de fora é dotado de grande equilíbrio mental, pois possui uma alma saudável.
Segundo- Louvando à Deus em meio a dor.
"E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco. E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E, de repente, sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos." (Atos 16:23-26).
Paulo e Silas estavam na Macedônia quando encontraram uma jovem que estava possessa por um espírito de adivinhação. A Bíblia narra que essa moça dava muito lucro aos seus senhores. Paulo expulsou aquele espírito maligno. Quando os donos da jovem escrava viram que seu lucro iria embora, criaram uma confusão e conseguiram que eles fossem presos. Perto da meia-noite, Paulo e Silas estavam nus, presos pelos pés, amarrados em um tronco, com as costas ardendo dos açoites que tomaram. Aparentemente, tinham todas as razões do mundo para murmurar. Estavam vivendo sob provação, passando pelo "vale escuro", e o que fizeram? Reclamaram ou murmuraram? Não. Eles oraram e entoaram cânticos de louvor ao Senhor. Aqueles que conseguem se comportar dessa maneira, em meio à provação, sem dúvida, são possuidores de grande saúde emocional.
Terceiro - Apesar das marcas que ficaram, o combate foi bom.
"Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda" (II Tm. 4:6-8).
Nero havia colocado fogo em Roma e, para amenizar uma revolta contra ele no meio do povo, precisava encontrar culpados. A culpa recaiu sobre os cristãos, dos quais Paulo era um líder representante. Daquela vez, Paulo tinha consciência de que não seria solto. Ele mesmo afirmou: "O tempo da minha partida é chegado" (2 Tm. 4.6). Trinta anos de pregação haviam se passado, ele trazia sobre seu corpo as marcas de Cristo. Paulo sabia que seria condenado e que, em breve, a espada desceria sobre sua cabeça. Talvez alguma outra pessoa estaria dizendo: "Não valeu a pena, que vida desgraçada! De que adiantou pregar o Evangelho?". No entanto, Paulo, cheio de saúde espiritual, completa o seu trabalho aqui na terra, com palavras dignas de um herói - um herói da fé, da esperança e da confiança em Deus: "Combati o bom combate! Acabei a carreira! Guardei a fé! Só me resta receber a coroa da justiça!" (2 Tm 4.7,8). Paulo tinha saúde interior!
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