Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Logo no primeiro século, ainda no embrião da era cristã, já surgia dentro das próprias comunidades cristãs o ensino de que Jesus não veio em carne, que não veio ao mundo em uma forma humana, com as características, feições e afeições, desejos e sentimentos humanos. E um dos motivos para isto pode parecer óbvio: a era cristã havia se iniciado há alguns anos e mesmo assim, com a maioria dos apóstolos e testemunhas oculares falecidos e com a dispersão dos crentes devido à perseguição que ocorreu no início da era Cristã, este ensino começou a ser ministrado nas comunidades cristãs onde cada vez menos testemunhas oculares estavam presentes. Neste cenário, surge as cartas do apóstolo João e em sua primeira carta já alertava sobre este falso ensino. Ele, João, testemunha ocular da vida e obra de Jesus, disse: E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo (1 Jo 4.3). Reconhecer que Jesus, o Filho de Deus, veio plenamente em carne e desviar desta doutrina um milímetro sequer, nos coloca em grande perigo. A humanidade de Jesus era essencial em 4 aspectos:
Aspecto 1
Para o cumprimento da profecia: “porque um menino nos nasceu”, extraído do texto de Isaías 9.6. Um menino nos nasceu, implica diretamente que haveria um nascimento físico do Messias por meio de uma mulher. Ele não seria um espírito ou um fantasma. A promessa era: “e um menino nos nasceu, um, filho se nos deu”. O Messias era prometido na forma humana e se manifestou na forma humana. Se Cristo não veio na forma humana, tampouco poderia ser nascido de mulher. Se Cristo não nasceu de mulher, tampouco poderia ter nascido de qualquer outra maneira e ser ao mesmo tempo homem. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.4). “Nascido de mulher”, diz o apóstolo. O Messias, Jesus, fora prometido na forma humana e se manifestou na forma humana. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1.14). E o Verbo, a Palavra, Jesus, se fez carne e não só isso: ele habitou entre nós; o que na verdade significa que ele viveu entre nós, os que habitam nesta terra, conviveu com os que habitam nela e pelos que habitam nela foi reconhecido como homem.
Aspecto 2
Como disse João, Cristo veio e isto é significativo. Somente alguém que já existe pode vir. Antes de sua manifestação em carne, Cristo já existia e por isso “veio em carne”. Além disso, como mencionado, Paulo nos diz que “Deus enviou seu Filho”. Isto também é significativo e está em perfeita convergência com o que disse João. Neste caso, Deus enviou a Jesus o que implica a preexistência de Jesus antes de sua vinda. Somente alguém que existe pode ser enviado. Cristo veio em carne porque Deus o enviou. No verso 14 do Evangelho de João, capítulo 1, o apóstolo nos fala sobre a natureza física do Messias, já não mais oculta, mas ao invés disso, visivelmente revelada. Ele nos diz que este Verbo, o Logos em grego, a Palavra, que já existia no princípio da criação de todas as coisas, como também estava no princípio com Deus e, além disso, que era próprio Deus; este que estava no princípio e que era Deus e que fez todas as coisas (Jo 1.1-3), ele “se fez carne”. E a palavra grega traduzida para o português como “se fez”, no grego, tem um sentido mais esclarecedor, a saber: “foi manifestado” em carne. Este termo também é utilizado por Paulo em Romanos 10.20, citando Isaías
E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado [mesma palavra usada em João 1.14 para descrever que o Verbo "se fez" carne] aos que por mim não perguntavam. (Rm 10.20)
Cristo não passou a existir depois de sua manifestação em carne. Ele já existia porque somente aquilo que existe pode ser manifestado, tornar-se visível. O que não existe, jamais poderá ser manifestado antes de ser criado primeiro e mantido em oculto até o dia de sua manifestação. Este não é o caso do Senhor Jesus. A Bíblia nos diz que ele “foi manifestado”, a Palavra eterna de Deus tomou a forma humana. Aqui temos outro ensino: Cristo não deixou de ser o que sempre foi; Ele sempre foi e sempre será o Filho de Deus e sempre foi e sempre será também o próprio Deus; seja na sua forma antes da primeira vinda, seja na sua forma humana atual. A forma que o Filho se manifestava na eternidade passada antes da primeira vinda mudou. A forma mudou, o ser é o mesmo.
Aspecto 3
Era necessário um cordeiro puro e perfeito para expiar o pecado. Com as leis cerimoniais do Antigo Testamento, com todos os seus sacrifícios, Deus nos mostrava que era necessário derramamento de sangue para perdão de pecados e purificação. E isso era necessário para qualquer indivíduo se aproximar de Deus. Nosso Deus é um Deus santo e ele mesmo conclama: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 20.26, 1Pe 1.16), ou ainda, “anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). Mas, uma vez que tais sacrifícios, constantes e repetitivos, não perdoavam realmente os pecados (Hb 10.4), Deus enviou seu filho em forma humana, cordeiro perfeito e sem mancha, de uma vez por todas para perdão dos pecados e o cordeiro derradeiro foi Jesus. Porque Jesus era necessário para perdão de pecados e purificação e não a morte pessoal de cada homem pelo seu próprio pecado? A dignidade do ofendido é o que importa aqui. Quando alguém mata um animal como um pássaro (com ou sem propósito), por exemplo, qual é a pena que deve ser aplicada? Mesmo em nossos dias onde as leis de proteção aos animais estão cada vez mais severas, possivelmente o ofensor não será punido pela morte do pássaro. Mas se alguém mata uma criança, certamente será punido pelo seu ato. Porque essa diferença? A diferença se encontra na dignidade entre os dois: uma criança possui uma dignidade muito maior do que um animal. Como homem e criança pertencem a mesma esfera e compartilham da mesma essência e ambos são qualificados como o mesmo ser em termos de gênero, então o homem é capaz de pagar pelo crime de uma criança porque possui uma dignidade igual a da criança. O homem também pode ser condenado a pagar pelo crime feito a um animal, porque possui uma dignidade superior a do animal. Mas pode o homem, ao cometer um pecado e ofender a Deus, sendo o pecado o mal maior e sendo Deus eterno e santo, ser apto a pagar pelo que cometeu e sair livre após o pagamento? De modo nenhum! Por isso a morte do homem natural não o salva nem o liberta, antes o escraviza eternamente. Deus é eterno, maravilhoso, conselheiro e soberano. Ele possui uma dignidade superior a do homem de tal modo que o homem, mesmo morrendo pelos seus pecados, não pode ser absolvido deles. Somente alguém com a mesma dignidade da parte ofendida, que é Deus, é capaz de pagar a pena. Como no mundo não há um justo, nem um sequer (Rm 3.10), Deus enviou seu Filho, o Filho tão digno quanto o Pai, para morrer no lugar de pecadores injustos, o justo pelos injustos (1 Pe 3.16), para que houvesse perdão de pecados e purificação. A pena pela ofensa à dignidade de Deus é totalmente satisfeita através da condenação, morte e ressurreição de Jesus
Aspecto 4
O aspeto profético. Deus prometeu que a descendência da mulher, a semente da mulher, iria esmagar o domínio de satanás e de suas influências mortais e pecaminosas na vida do homem. Os profetas do Antigo Testamento já falavam da manifestação física de Jesus. Textos como Isaías 7.14 nos dizem claramente sobre o aspecto humano de Jesus: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel [que significa Deus Conosco].” No mesmo texto, uma referência ao aspecto humano (“e a virgem conceberá e dará luz a um filho”) e ao aspecto divino do Messias (“e chamará o seu nome Emanuel”). O profeta Miquéias também fala do aspecto humano e eterno de Cristo: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2)”. Neste trecho, Miquéias nos diz que não é qualquer rei que sairá de Belém. Este rei possui uma característica peculiar: sua eternidade. Aqui, Miquéias está falando a respeito de Cristo, que veio de Belém, e Isaías nos diz que ele nasceu de uma virgem. Que outro rei de Israel ou no mundo inteiro veio de Belém e nasceu de uma virgem? Estas duas profecias, por si só, são eliminatórias e no Antigo Testamento existem outras dezenas de profecias que testificam vários aspectos a respeito do Messias. Ainda antes de entrar na terra que Deus havia prometido, Moisés, nas campinas de Moabe, declara ao povo que o “SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;” (Dt 18.15). Quando Jesus fez a multiplicação dos pães, os Judeus maravilhados com o que acabaram de ver, declararam: “Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6.14). Este texto revela que os Judeus esperavam um profeta distinto dos demais. Eles aguardavam um profeta como Moisés. Deus levantou vários profetas durante o governo dos reis para exortar ao povo. A presença de profetas no meio do povo judeu não era algo novo. Houve vários, mas os judeus aguardavam o profeta, aquele mesmo profeta que Moisés havia profetizado. Assim, observe que os judeus não estão se referindo a qualquer profeta neste texto, mas sim a “o profeta”, como alusão à profecia feita por Moisés nas campinas de Moabe.
Por Marcelo Castro
Louvado seja Deus pela vida vocês!
ResponderExcluirObrigada pelas belas palavras.Deus os abençoe.
A propósito, já estou seguindo este blog abençoado.Feliz 2011 com Jesus!!!
Clícia