Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. ( Isaías 9:6)
Esta doutrina extraída do texto identifica o aspecto humano do Messias. Podemos sistematizar esta doutrina da seguinte forma:
a. Um menino nos nasceu
Em primeiro lugar, o menino sobre quem Isaías profetiza é o Messias, como o Targum interpreta. Muitos judeus afirmam que esta profecia se referia a Ezequias, o que é um erro, pois Ezequias não poderia ser apresentado como uma criança recém-nascida pois já possuía cerca de 12 anos de idade quando esta profecia foi proferida e cerca de 29 anos quanto Senaqueribe se levantou com seu exército contra ele, como observa Aben Ezra. Tampouco, como afirma John Gill, Ezequias não pode ser considerado o filho referido nesta passagem de maneira tão peculiar e incomum
Em segundo lugar, continua Gill, nem se pode dizer que Ezequias era a grande luz que brilhou sobre os habitantes da Galiléia, nem que seu nascimento foi de alegria tão grande como o nascimento do filho mencionado no texto, nem pode ser dito que o aumento do seu governo e a paz não teve fim (Is 9.7), vendo que o governo de Ezequias só contemplava as tribos de Benjamim e Judá, e seu reinado foi de vinte e nove anos, em grande parte com aflição, opressão e guerra
Em terceiro lugar, O filho retratado aqui e ainda no verso 7 do mesmo capítulo está em pleno acordo com o Messias e lhe é aplicado mesmo entre judeus. Esta profecia já cumprida respeita a humanidade, encarnação e nascimento que, mesmo usando tempos verbais no passado (“nasceu” e “deu”), se refere a um evento futuro. Isto foi dito cerca de 700 anos antes da vinda de Cristo, mas para Deus um dia é como mil anos e o uso do tempo passado não desqualifica pois a visão profética não é de cunho pessoal do profeta; antes, vem de Deus para ele e assim foi descrito
b. Um filho se nos deu
Não é só um menino. É um filho. Mesmo sendo seu Filho, seu próprio Filho, seu único Filho, seu amado Filho, Deus não O censurou, antes O enviou (Gl 4.4), nos deu (Jo 3.16). Como disse o apóstolo João, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu seu Filho” para que por meio dele, única e exclusivamente pela graça e por meio da fé em Jesus, o homem alcançasse a vida eterna. Graças a Deus por nos ter dado seu filho. Não foi qualquer menino que nasceu, foi o Filho de Deus quem nos foi dado por meio de um nascimento virginal. E tamanho amor da parte de Deus por nós em nos dar seu Filho é incomparável, indescritível, imutável e irreversível
Doutrina 2: O governo de Cristo
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Esta doutrina se refere ao governo de Cristo e serve como ligação entre o aspecto humano e o aspecto divino de Jesus. Em primeiro lugar, este governo possui um aspecto geral e um aspecto particular. O aspecto particular se refere ao governo de Cristo em seu reino, constituído pelos santos, eleitos de Deus, salvos por sua vida, ministério, morte e ressurreição. Digo vida porque o trabalho de Jesus em adquirir redenção para nós não se iniciou quando foi capturado, preso e levado ao Sumo Sacerdote onde foi escarnecido. Pelo contrário, começou desde seu nascimento e sua vida perfeita, sem pecado (Hb 4.15), possibilitou tão grande salvação. O aspecto geral se refere ao governo abrangente de Cristo que indica que ele tem poder para governar e sustentar todas as coisas. Ele é o Deus criador (Jo 1.1-3) e sustenta todas as coisas com seu poder (Hb 1.3). Ele tem poder para criar e para sustentar e nada foge ao seu controle
Em segundo lugar, o governo não somente está sobre os ombros de Cristo como ele também sustenta este governo. Cristo tem direitos incontestáveis de governo e não há dúvida de que ele governa com sabedoria e que os frutos de seu governo são evidentes. Seu governo será de paz (v.7) e esta não terá fim. Ele tem poder para suportar e sustentar o governo e não é vulnerável às dificuldades como foi Moisés. Para o povo judeu, ninguém foi superior a Moisés, mas diversas vezes vemos Moisés reclamar do fardo que lhe é dado diante de Deus. Cristo, pelo contrário, “quando ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca” (Is 53.7). Cristo suportou a cruz diante da alegria que lhe estava proposta (Hb 12.2). Moisés, diante da alegria que lhe estava proposta de levar o povo a uma terra abençoada que mana leite e mel, se queixa a Deus pelo fardo que lhe foi dado (Nm 11.11,14). Cristo, ao contrário, se compadece de nossas fraquezas (Hb 4.15)
Doutrina 3: As características divinas de Cristo
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Existe um caráter progressivo na profecia descrita nesta texto, com uma conclusão perfeita exaltando a magnitude do Messias. Ela começa falando do nascimento de um menino. Em seguida, segue dizendo que não é só um menino, mas sim um filho nos será dado. Não somente um filho, como se fosse qualquer filho, mas O Filho, qualificando o menino como alguém realmente especial, o único Filho de Deus. Não seria um menino como todos os filhos dos homens. Em seguida, sobre este filho, o texto nos diz que ele será rei e governará e será poderoso para sustentar seu governo e isso pode-se entender através da expressão “sobre seus ombros” dando a entender que o Messias tem poder para sustentar tal governo. Além disso, Ele não usará do medo, crueldade, desonestidade, injustiça, aflição e perseguição para governar pois seu governo será de paz e será firmado em justiça para sempre (v.7).
Para aqueles que questionam que este “um filho” é realmente “o filho”, é nítido que o texto não poderia estar se referindo a qualquer filho, haja vista o caráter eterno do reinado. No verso 7, como continuidade da profecia do verso 6, lemos que “do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre.” Será um governo eterno e sem fim e isso não pode ser contemplado por nenhum homem, pois todos os homens morrem, sem exceção alguma. Essa característica do reino de Cristo é conclusiva e eliminatória. Ela é conclusiva no sentido que define o reinado como divino devido à sua eternidade e eliminatório pois todos os homens morrem, o reinando finda e é transferido para outro herdeiro
Para entender melhor esta doutrina sobre as características divinas de Jesus, é importante analisar em que aspectos esses nomes aqui atribuídos também se relacionam a Deus de forma especial e única, colocando Deus Pai e Deus Filho, Jesus Cristo, no mesmo patamar de igualdade em termos de divindade:
Em primeiro lugar, Isaías diz algo mais sobre este menino, Filho e Rei. Ele nos diz como ele será chamado de uma forma especial e diferenciado dos outros meninos, filhos e reis. Entramos aqui na esfera da divindade deste menino, deste Filho e deste Rei. O seu nome também será chamado, Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. O seu “nome”, não como um nome qualquer, mas como um nome de alguém que possui uma posição de honra. Por isso também é apropriada a tradução de “se chamará” como “será proclamado” dando força à posição de honra do seu nome.
Em segundo lugar, eis as formas como ele será chamado ou proclamado:
a. Maravilhoso, Conselheiro (ou Maravilhoso Conselheiro).
Alguns comentários fazem referência a Maravilhoso e Conselheiro como uma atribuição única, ou seja, Maravilhoso Conselheiro. O Targum, por exemplo, comenta no sentido de “maravilhoso em conselho” o que está em perfeito acordo com Isaías 28.29. Neste caso, comparando Isaías 9.6 com Isaías 28.29, vemos que o profeta classifica o Messias no capítulo 9 verso 6 da mesma maneira que classifica o Deus Jeová no capítulo 28 verso 29, nivelando Jesus, o Messias, e Deus Jeová, o Deus Pai, no mesmo patamar. Deus Jeová é maravilhoso em conselho, ou maravilhoso conselheiro, e assim também é Jesus, o Messias, sem qualquer distinção neste aspecto. E este é um aspecto interessante, pois ninguém jamais deu conselhos a Deus como também não encontramos, no Novo Testamento, ninguém aconselhando a Jesus.
Cristo, Deus Filho, e Jeová, Deus Pai, estavam juntos no princípio e por eles foram criadas todas as coisas (Jo 1.1-3). Eles, em conselho, decidiram criar o homem (Gn 1.26) como também estavam juntos em questões da providência (Gn 11.7). Além disso, este título de Maravilhoso Conselheiro também se aplica no relacionamento entre Cristo e seu povo, os crentes em todas as nações. A função de Maravilhoso Conselheiro está em harmonia com sua função sacerdotal e sendo nosso Sumo Sacerdote, Cristo olha para nossas fraquezas, se compadece delas e nos orienta sempre que precisamos. Por isso, diz o autor de Hebreus, que devemos chegar com confiança ao trono da graça (onde Jesus, o Rei está) para que possamos ser orientados por Jesus, o Sumo Sacerdote, e achar graça e misericórdia em momento oportuno (Hb 4.15,16) através de seu maravilhoso conselho. Observe os dois ofícios de Jesus operando em harmonia como profetizado em Zacarias 6.13.
b. Deus Forte.
Esta atribuição é chave na confirmação da divindade do Messias, divindade tal como a do Deus Jeová, qualitativamente. A palavra hebraica usada aqui é אל (lê-se ‘el) que é atribuída a Deus Jeová no Antigo Testamento dezenas de vezes.
Por exemplo, quando Abraão sai para libertar Ló e retorna, Melquisedeque, rei de Salém, vai ao encontro dele e o abençoa dizendo: “E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo (אל), o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo (אל), que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gn 14.19,20). A palavra usada por Melquisedeque aqui se referindo ao Deus Altíssimo é a mesma palavra usada por Isaías para dizer que o Messias, Jesus, é Deus Forte. E isso tem grande significado pois classifica o Messias da mesma forma que Jeová é classificado: Deus Altíssimo. Na perspectiva do profeta na há distinção e na perspectiva do Espírito de Deus, que guiou o profeta, também não há distinção. E isso é teologicamente conclusivo porque nenhum profeta das Escrituras produziu sua própria profecia através de sua própria observação e racionalização, como disse o apóstolo em 2 Pedro 1.20,21, “(…) nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Como embaixadores de Deus os profetas transmitiram fielmente o que Deus havia lhes ordenado para transmitir. E, como disse o apóstolo, foram “inspirados pelo Espírito Santo” e isso se aplica ao texto em questão. Para o Espírito de Deus, o Deus Filho e tão Deus quando Jeová, Deus Pai; o Espírito chama o Filho de Deus Forte, Deus Altíssimo.
Em outra ocasião, no Salmo 22, um salmo tipicamente messiânico, no verso 1 lemos: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Estas foram uma das frases de Jesus na cruz. O que está acontecendo aqui? Jesus se volta para Deus, o Pai, carregando o fardo dos pecados daqueles que Deus Pai o deu, e diz: “Deus meu, porque me desamparaste”? E quando Isaías usa o mesmo termo para se referir ao Messias, ele está dizendo que o Messias, o Filho, é tão Deus Altíssimo quanto Jeová, o Pai. O Espírito de Deus, por meio de Isaías, atribuiu ao Messias em Isaías 9.6 o mesmo nome que Jesus chamaria o Deus Pai (e chamou) enquanto agonizava na cruz antes de morrer.
Além desses dois exemplos, vários textos podem ser relatados usando a mesma palavra se referindo ao Deus Jeová, mostrando que a forma que Isaías usa para qualificar o Messias como Deus é a mesma forma que vários outros autores usaram para qualificar o Deus Jeová, e o livro de Salmos é rico no uso desta palavra:
“Porque tu não és um Deus(אל) que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal.” Salmos 5.4
“Diz em seu coração: Deus(אל) esqueceu-se, cobriu o seu rosto, e nunca isto verá. Levanta-te, SENHOR. O Deus(אל), levanta a tua mão; não te esqueças dos humildes.” Salmos 10.11,12
“Guarda-me, ó Deus(אל), porque em ti confio.” Salmos 16.1
“A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus(אל)da glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas.” Salmos 29.3
“Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR Deus(אל) da verdade.” Salmos 31.5
Deste modo, por mais que na mente de alguns pensadores, tal equivalência não exista, para uma mente judaica do Antigo Testamento, para o Espírito de Deus e para as Escrituras como um todo, tal equivalência é tão clara quanto o sol do meio-dia.
c. Pai da Eternidade.
O texto em Hebraico não traz consigo a palavra “Pai”. Literalmente, a tradução deveria ser “Eterno”. Este atributo reforça o anterior; lhe da mais vigor, apesar do anterior ser suficiente. Assim como Deus Jeová, Jesus também é eterno. Não houve um ponto na história em que foi criado. Novamente, Cristo não passou a existir depois de sua manifestação em carne. Somente algo que já existe pode ser manifestado e Cristo é tão eterno como Deus Jeová. Tanto Deus Jeová (o Pai), quanto Jesus (o Filho) e o Espírito são eternos e não há início para nenhum deles. Sempre existiram. Esta não é uma questão fácil para aqueles que ainda estão mortos em seus delitos e pecados porque na verdade é uma questão de fé e este tipo de fé, que leva o homem a olhar para Deus e crer que ele existe, crer em seu Filho, não é inerente ao próprio homem. Antes, ela possui um autor e um consumador, como diz o autor de Hebreus: “Jesus, o autor e consumador da nossa fé.” A fé salvadora possui um autor e um consumador. Ela não nasce com o homem e, portanto não é inerente ao próprio homem nem pode ser desenvolvida pelo homem natural.
O texto também nos diz que Jesus é Pai. Jesus é Pai da Eternidade, mas não é Deus, o Pai, em pessoa. Este ponto demanda esclarecimento. O filho é como o Pai, em termos de divindade, mas não é o Pai como pessoa. Seu o Filho fosse o Pai, isso geraria um sério problema teológico com as palavras de Jesus na crucificação, pois Ele clama pelo Deus Pai como se estivesse sozinho ali no Gólgota, e estava. Dizer que Cristo é o Deus Pai seria o mesmo que dizer que Deus Pai foi crucificado com Cristo, o que é um absurdo e as Escrituras nos dizem que foi Cristo quem foi crucificado e não Deus, o Pai (Fp 2.8). Cristo clama pelo Pai (Mt 26.46, Mc 15.34), logo o Pai não pode estar com Cristo ali. Só existe um pai na divindade. Cristo e o Pai são um (Jo 10.30), mas mesmo assim são distintos. É um em termos de divindade, mas são pessoas diferentes com atribuições diferentes dentro da mesma divindade. Cristo, durante sua vida terrena, várias vezes chamou pelo Pai, orou com ele, é nosso advogado, nosso Sumo Sacerdote e intercede a Deus Pai por nós.
O auto de Hebreus nos diz que Cristo é a expressão exata do ser de Deus (Hb 1.3) e como disse William Hendriksen com indiscutível clareza, “o Filho é a perfeita representação do ser de Deus, isto é, Deus imprimiu em seu Filho a forma divina de seu ser. A palavra traduzida como “expressão exata” refere-se a moedas cunhadas que levam a imagem de um soberano ou presidente. Refere-se a uma reprodução precisa do original. O Filho, então, é completamente o mesmo em seu ser como o Pai. No entanto, ainda que uma impressão seja o mesmo que o tipo que faz a impressão, ambos existem separadamente. O Filho, que tem “a mesma marca” da natureza de Deus, não é o Pai, mas procede do Pai e tem uma existência separada. Mas, aquele que vê o Filho, vê o Pai, como Jesus explicou a Felipe (Jo 14.9)
d. Príncipe da paz.
Um governo de paz, este é um dos aspectos do governo de Cristo. Como diz Isaías no verso 7, “do aumento deste principado e da paz não haverá fim”. Um governo eterno e de paz eterna. Ele é chamado de Príncipe em outras partes das Escrituras como em Atos 3.15, “e matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas”, se referindo a Jesus. Príncipe da vida porque é autor da vida. Algumas traduções trazem Atos 3.15 como “Autor da vida”. Ser príncipe se refere não somente a uma posição de governo e poder, como também à posição de autor. Príncipe da paz, autor da Paz. Príncipe da vida, autor da vida. À parte de Jesus, não há vida, pois ele é a vida (Jo 14.6). À parte de Cristo, homens, mulheres e crianças estão mortos, como disse alguém certa vez, “os homens nascem mortos”.
Cristo é Príncipe da paz em dois sentidos. O primeiro e mais importante é que ele sela paz entre o homem pecador e Deus. As Escrituras nos dizem que do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens (Rm 1.18) como também nos diz que a inclinação da carne é inimizade contra Deus (Rm 8.5). Nós, que um dia andávamos segundo o curso deste mundo, fazendo a vontade da carne e andando em desobediência plena e contínua diante de Deus (Ef 2.1-3), hoje temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1)! Cristo é nossa paz (Ef 2.14)
Em segundo lugar, Cristo é o Príncipe da paz pois ele remove a barreira de inimizade entre judeus e gentios. Paulo diz aos Efésios que eles, gentios, andavam longe, mas em Cristo Jesus, chegaram perto; e isso também se aplica a nós. Não há mais barreira de separação e em Cristo não há judeu nem grego (Ef 2.14, Gl 3.28). Ambos encerrados na mesma graça salvadora, no mesmo Evangelho, pertencentes ao mesmo Senhor, possuindo um só Espírito, participantes de uma só fé e um só batismo (Ef 4.4,5). Ele é a nossa paz (Ef 2.14)! Não há mais lei cerimonial para perdão e purificação de pecados restringida a um único povo e nação. Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho e por meio dele a salvação e purificação de pecados alcança judeus e gentios, não porque Cristo anula a lei cerimonial (como diz o apóstolo em Rm 3.31, “anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”), pelo contrário, Cristo cumpre a lei cerimonial de forma perfeita e final, de uma vez por todas, alcançando para judeus e gentios, para todos aqueles que crêem, eterna redenção, fazendo de todos os crentes, independente de raça, cultura ou nação, um só povo. Ele é capaz de fazer um descendente de Ismael e um descendente de Isaque amigos e irmãos. Ele faz com que Pedro se achegue a Cornélio, um gentio. E é Pedro quem, nesta ocasião, reconhece “que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo. A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)” (At 10.34-36). Deus selou a paz conosco por meio de Cristo, que é capaz de trazer para dentro do mesmo aprisco, judeus e gentios. Cristo é o verdadeiro Príncipe da paz e isto é diariamente provado por todos aqueles que participam do seu reino, a saber, todos aqueles que crêem no seu nome.
Por Marcelo Castro
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