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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Jesus e o leproso - amor que transcende

"Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos: 'Se quiseres, podes purificar-me!'
Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: 'Quero. Seja purificado!'
Imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado." (Mc 1.40-42)

A lepra era a mais terrível enfermidade da época. Pior do que hoje o câncer ou a Aids, a lepra não só adoecia o corpo, como também a alma, a família, as finanças e outras áreas. Isto porque na cultura judaica, a lepra não era só considerada uma enfermidade comum, mas sim uma maldição espiritual na vida do leproso. Não só era incurável, como extremamente contagiosa. Começava com uma pequena área de insensibilidade tátil, ia evoluindo em manchas e feridas, até que pedaços e membros do corpo começavam a despedaçar e a cair, levando a uma morte horrível. Quando constatada pelo sacerdote, imediatamente o leproso deveria rasgar sua roupa, desgrenhar seu cabelo e abandonar seu lar e todo convívio social para viver solitário em locais escusos, distante de casa, do local de trabalho, da cidade. Nunca mais ele poderia ter um emprego, cumprimentar amigos, abraçar a esposa ou beijar os filhos. Viveria para sempre doente, miserável, solitário e infeliz. O sentimento que lhe era oferecido era a repulsa, a culpa e a rejeição. Eram considerados amaldiçoados por Deus em virtude de algum pecado grave que houvessem cometido.

Por isso, ao se aproximar de Jesus, aquele homem expressou sua fé conciliada a um sentimento de inferioridade e desmerecimento: “Se quiseres, podes purificar-me”. Tais palavras mostram que o leproso não tinha dúvidas quanto ao poder de Jesus para curá-lo. Ele afirmou enfaticamente: “– Podes purificar-me”. Ele cria piamente que ali, diante dele, estava o Filho de Deus, todo-poderoso para liberar ao seu corpo um poder espiritual maior que todo remédio ou recurso da medicina, que atingiria toda célula enferma e lhe traria saúde perfeita. Porém, sua grande dúvida era se Jesus queria curá-lo. Tantos anos de rejeição, culpa e desmerecimento, tinham produzido na alma daquele homem uma enfermidade muito pior do que no físico: um terrível senso de desvalorização como pessoa. Ele tinha convicção do poder de Jesus, mas não tinha a mesma certeza de que o amor de Jesus fosse maior do que seu desmerecimento.

Muitas pessoas vivem assim, chegando até a dizer: “- Se Deus quiser, Ele vai me abençoar”; ou então: “- Eu acho que não mereço esse milagre”. É a mesma fé do leproso. Crê no poder, mas não consegue crer no amor. Mas na resposta de Jesus encontramos a revelação poderosa que expulsa toda ação maligna de culpa, condenação, inferioridade e incredulidade: “- Eu quero!”. Aleluia! Jesus quer nos curar, nos libertar e nos abençoar. A despeito de toda nossa história, nossas virtudes e defeitos, do que dizem ou pensam de nós, o amor de Jesus transcende toda nossa limitação e faz com que Ele libere sua cura a nós.

Observem que o texto diz que Jesus estendeu a mão e o tocou antes mesmo de curá-lo. Jesus não o tocou quando ele já estava limpo, mas ainda imundo, doente, desmerecedor aos olhos humanos. É que Jesus sabia que havia na alma daquele homem uma enfermidade muito mais grave do que a lepra. Há quantos anos ninguém tocava nele? Amor, aceitação, valor, são alimentos para a existência humana muito mais necessários até do que a comida que vai ao estômago. Sem eles a vida humana se torna miserável, faminta, subnutrida. E, se Jesus o tocasse depois de curar, talvez permaneceria para sempre na mente do homem a questão: “- Será que ele me ama porque eu fiquei limpo? Seu amor estaria sobre mim em minha condição de leproso?”

A verdade é que o amor de Jesus para conosco é incondicional. E a mesma resposta dada ao leproso ecoa pelos séculos e chega até cada um de nós, seja qual for a gravidade ou a área de nossa enfermidade (física, emocional, espiritual, financeira, familiar, etc). Jesus nos diz: “- Eu quero te abençoar. Recebe o milagre”. E, assim como o leproso, nós receberemos do seu poder sobrenatural que traz a cura total em nossas vidas.

Por Bispo Jairo Ricardo Tardivo

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