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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Cristãos se reúnem debaixo de árvores, após terem sua igreja destruída na Nigéria

"Edifícios das igrejas estão sendo atacados", disse um cristão local. "Um pastor me disse que não havia restado uma única Bíblia — todas foram queimadas".

Durante anos de uma tentativa do grupo terrorista Boko Haram em criar um califado, partes do estado de Adamawa, no nordeste da Nigéria, já foram libertadas do domínio dos extremistas por forças do governo. No entanto, agora que os civis começam a voltar para suas casas, eles estão encontrando dificuldades para se adaptar à vida após a insurgência.

"Ataques esporádicos do Boko Haram ainda continuam, mas os cristãos que conheci voltaram para casa, apesar dos perigos. Pior ainda: o Boko Haram tinha tudo, mas destruiu suas aldeias", disse Isaac (nome fictício por motivos de segurança), que serve em uma igreja local.

"A primeira coisa que notei depois de chegar foi a grande tensão emocional sobre os que retornaram. Por sorte, poucos conseguiram se reunir com membros da família, mas muitas viúvas e órfãos experimentaram de novo o que realmente significa a vida sem os seus entes queridos", contou.

Isaac disse que muitos cristãos estavam ansiosos para voltar para casa depois de viver em campos de refugiados, porque alguns tinham "sido pressionados a se converter ao islamismo apenas para conseguir alimentos".

"Estima-se que dois milhões de pessoas foram deslocadas pelo Boko Haram no norte da Nigéria e que o governo quer que as pessoas a voltem para suas casas, porque não tem condições de fornecer ajuda para tantos", disse ele.

No entanto, o regresso para casa não tem sido fácil.
"Fugir da violência e voltar para as cidades fantasmas foi algo muito duro para eles", disse Isaac. "O Boko Haram destruiu comunidades inteiras — casas, escolas, centros de saúde e as igrejas também não foram poupadas. As bombas de água foram sistematicamente destruídas e os poços estão poluídos por que cadáveres foram jogados neles".

"Nas fazendas que foram abandonadas, as pessoas estão sofrendo com a escassez de alimentos e desnutrição — especialmente as crianças", explicou.

Em julho, a Unicef (agência de cuidado às crianças da ONU), advertiu que quase 250 mil crianças estavam sofrendo com a desnutrição e corriam risco de morte no estado de Borno— onde surgiu o Boko Haram. Além disso, no estado vizinho de Adamawa, uma em cada cinco crianças corre o risco de morrer.  Adamawa tem uma grande população cristã e o Boko Haram tem marcado como alvo, sistematicamente, as igrejas e cristãs, desde que estourou a revolta do grupo terrorista, em 2009.

"Edifícios das igrejas estão sendo atacados", disse Isaac. "Um pastor me disse que não havia restado uma única Bíblia— todas foram queimadas".

"Esta é uma das coisas mais dolorosas com a qual nós temos que lidar — não temos a palavra de Deus em nossas mãos", disse o pastor a Isaac.  No entanto, apesar das dificuldades, os nigerianos estão tentando avançar, Isaac acrescentou. "Esses cristãos se recusam a deixar que os desafios os impeçam de voltar para suas casas", disse ele.  Famílias estão reconstruindo casas temporárias de madeira, grama e lama e as igrejas começaram a realizar os cultos novamente.

"Algumas foram reconstruídas, mas muitas outras não podiam arcar com os custos. Sendo assim, seus membros estão se reunindo debaixo de árvores ou se encontrando nas ruínas de seu antigo templo", disse Isaac.

"Uma igreja já tinha suas paredes mais levantadas e também estava sem o telhado. A congregação colocado qualquer coisa parecida com um assento no chão para que pudessem realizar um culto. [...] O desespero foi acompanhado pela determinação".

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY


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