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terça-feira, 12 de maio de 2015

Aula 43 - A restauração do templo de Deus

Colocados os alicerces do templo, com todo o entusiasmo, começou a oposição, não da parte dos judeus que haviam retornado, mas dos descendentes de povos gentílicos que haviam sido colocados em sua terra por Esar-Hadom, quando os assírios levaram para o cativeiro o reino do norte, Israel. Esses descendentes haviam se casado com israelitas que haviam ainda remanescido, e são aqui chamados de "povo da terra".

Entre os povos daquele tempo existia a idéia que cada "terra" tinha um deus próprio, e era necessário aos moradores dar-lhe culto para terem sucesso. Assim, aqueles povos que foram habitar nas terras de Israel foram ensinados por um sacerdote israelita a como dar culto ao Deus de Israel, ou pelo menos a cumprir com certos rituais e a lhe oferecer sacrifícios com a finalidade de serem abençoados por Ele (2 Reis 17:24:34). Nos Evangelhos encontramos referência aos samaritanos, que descenderam deles.

A sua oposição à reconstrução do templo foi motivada pelo desejo de continuar na sua religião tradicional, prestando um culto exterior ao SENHOR, mas também servindo aos seus deuses. A reconstrução do templo representaria a instituição do sacerdócio legítimo, com a purificação e santificação do povo de Deus para cumprir os Seus estatutos, obedecer as Suas ordenanças e cumprir a Sua lei, segundo o mandamento que o SENHOR dera a Israel.

A sua primeira tática foi a de se oferecerem para participar na obra de reconstrução. É uma tática muito usada pelo diabo para prejudicar a obra de Deus: a de colocar o seu povo no meio do povo de Deus a fim de confundi-lo. O Senhor Jesus ilustrou isso muito bem na parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30). Através dos séculos as igrejas de Deus têm sofrido esses ataques, às vezes por falta de vigilância, mas também por alianças com os que ensinam heresias, e com o mundo (Apocalipse 2:12-17).

Estes inimigos diziam que adoravam o mesmo Deus que Zorobabel e os demais judeus. Isso era verdade apenas em parte: eles adoravam muitos outros deuses também e aos olhos de Deus isso não constituía em adoração, mas pecado e rebelião. A verdadeira adoração é prestada a Deus somente (Êxodo 20:3-5). Para estes estrangeiros, Deus era apenas outro "ídolo" acrescentado à sua coleção.

Devemos sempre nos acautelar daqueles que se dizem cristãos, mas cujo comportamento claramente revela que estão usando o cristianismo apenas para desenvolver os seus próprios interesses.

A oferta de participação na obra por aquela gente parece à primeira vista muito bem intencionada, e sem dúvida os construtores poderiam ter feito uso dessa mão-de-obra, e dos conhecimentos locais que os habitantes tinham. Mas representava uma união em termos de igualdade: "Deixai-nos edificar convosco" (ver 2 Coríntios 6:14-18; 2 Timóteo 2:19-21).

Mas Zorobabel, Josué, e os outros chefes dos pais de Israel mostraram-se fiéis ao mandamento do SENHOR ao lhes responder que não convinha que a edificação fosse feita em conjunto, acrescentando "como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia". A obra do SENHOR é privilégio e obrigação unicamente do seu próprio povo, assim como Ciro deu aos judeus que voltavam o privilégio e obrigação de reconstruir o templo. Como eles, devemos resistir às ofertas dos que não pertencem ao povo de Deus de participar conosco na obra de Deus.

Os inimigos então mudaram de tática, revelando agora as suas verdadeiras intenções: criaram toda a espécie de obstáculo à obra de construção, retendo ou dificultando o suprimento de materiais, espalhando boatos inquietantes, e até mesmo alugando os serviços de conselheiros para melhor frustrarem o plano de reconstrução. Estes conselheiros, ao que parece, trabalhavam na corte dos reis da Pérsia, e desde Ciro até Dario usavam sua influência para solapar o apoio desses reis à obra de reconstrução do templo.

O desânimo e o medo são dois dos maiores obstáculos à conclusão da obra de Deus. Frequentemente aparecem quando menos esperamos encontrá-los. O desânimo abala nossa motivação e o medo nos paralisa de forma que nada fazemos. É preciso reconhecer a origem dessas barreiras ao nosso trabalho, e lembrar que o povo de Deus em todos os tempos tem encontrado esses obstáculos e Deus os ajudou a superá-los. Ficando firmes e solidários com outros nossos irmãos, com o poder de Deus veremos desaparecer o medo e sair do desânimo a fim de completar a vontade de Deus.

O templo foi reconstruído e terminado no ano 516 a.C., tendo portanto sido levados 19 anos para sua construção.

No capítulo que estamos estudando, Esdras está voltado ao assunto da oposição dos inimigos de Israel, portanto abrange um período bem maior. Dario reinou de 522 a 486 a.C., Assuero (Xerxes I) de 486 a.C. a 465 a.C., Artaxerxes de 465 a.C. a 425 a.C. e Dario II de 425 a 404 a.C.. A partir do capítulo 6 até o capítulo 8 o idioma usado no original é o aramaico da língua siríaca, ao invés do hebraico. Esse idioma era usado nos decretos oficiais da Pérsia.

Depois da morte da Dario, trinta anos depois de inaugurado o templo em Jerusalém, os inimigos tomaram a iniciativa de escrever ao rei Assuero (versículo 6) fazendo uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém.

Anos mais tarde, um grande grupo deles escreveu uma carta ao seu sucessor Artaxerxes, chamando-se "servos" e "assalariados do paço", advertindo-o que, se os muros de Jerusalém ("aquela rebelde e malvada cidade") fossem concluídos, ele deixaria de receber os direitos, os tributos e as rendas de lá porque, conforme ele poderia verificar em seus arquivos, aquela fora no passado uma cidade rebelde e danosa aos reis e províncias e que nela houve rebelião em tempos antigos; pelo que fora destruída.

O rei Artaxerxes mandou olhar os seus arquivos e constatou que realmente Jerusalém havia sido uma cidade poderosa na antiguidade e que ela havia se levantado contra os reis, tendo havido rebelião e sedição nela.

Ele deve ter lido a respeito de Salomão que reinava sobre um grande império (1 Reis 4:21), e sobre os reis de Judá que haviam se rebelado contra o domínio por outras grandes nações mais tarde, como Zedequias que se rebelou contra Nabucodonosor apesar de ter feito um voto de lealdade a ele (2 Crônicas 36:13).

Artaxerxes temia que outro poderoso reino surgisse, como no passado, e achou prudente não ajudar a reconstrução de uma cidade e nação que viesse a se rebelar contra ele. Então ele escreveu de volta, ordenando que a construção da cidade parasse, até nova ordem dele.

De posse dessa autorização, os inimigos correram até Jerusalém e impediram a continuação das obras à força de braço e com violência até o reino do filho de Artaxerxes, Dario II.

Revezes e paradas são dolorosos e desanimadores para os obreiros de Deus. Estes exilados receberam uma dose dupla (veja Esdras 4:1-5 e 4:6-22). Os líderes devem sempre fazer de tudo para evitar que a obra chegue a paralisar-se, mas as circunstâncias muitas vezes fogem ao nosso controle. Quando chegarmos a uma paralisação, lembremos-nos de ainda permanecer firmes no Senhor.

                

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