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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O problema do sofrimento

“Prossigo ao longo da estrada da vida em minha condição comum, satisfatoriamente decaída e sem Deus, absorvido numa reunião alegre com meus amigos a manhã toda ou em um pouco de trabalho que hoje satisfaz minha vaidade, nas férias ou em um novo livro, quando de repente uma dor no abdômen em forma de estocada, prenunciando grave doença, ou a manchete nos jornais, que nos ameaça com alguma destruição, põe abaixo todo esse castelo de cartas. A princípio, vejo-me oprimido, e toda a minha pouca felicidade ganha a aparência de brinquedos quebrados. Então, lenta e relutantemente, de mansinho, tento chegar a uma disposição de espírito que devo demonstrar em todos os momentos. Lembro-me de que todos esses brinquedos nunca foram projetados para dominar meu coração, que meu verdadeiro bem pertence a outro mundo e que meu único tesouro real é Cristo. E talvez, pela graça de Deus, eu obtenha êxito e por um dia ou dois me torne uma criatura que dependa conscientemente de Deus, extraindo força da fonte correta. No momento em que a ameaça é retirada, porém, toda a minha natureza salta de volta aos brinquedos: fico até mesmo ansioso – Deus me perdoe! – por banir de minha mente a única coisa que me amparou no momento da ameaça, porque ela agora está associada à infelicidade daqueles poucos dias. Dessa forma, a terrível necessidade da tribulação mostra-se por demais evidente. Deus me teve por apenas 48 horas, e somente à força de me tirar tudo, mas basta que Ele guarde a espada por um momento para eu me comportar como um animal de estimação quando o banho odiado termina. Sacudo-me até secar-me ao máximo e corro para reassumir minha cômoda imundície, se não no monte de esterco mais próximo, ao menos no mais próximo canteiro de flores. Essa a razão por que as aflições não podem cessar enquanto Deus não nos vir transformados ou não perceber que não há esperança de transformação para nós”.

C.S. Lewis

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